Alergia alimentar: como enfrentar?

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Alergia alimentar: como enfrentar?

Imagine o cenário: você acaba de comprar um produto no supermercado, chega em casa, prepara uma refeição e algum tempo depois vai direto para o hospital sem saber ao certo o que está acontecendo.

Muitas pessoas não sabem, mas a alergia alimentar tem sido reconhecida como um problema de saúde crescente no Brasil. De acordo com a ASBAI (Associação Brasileira de Alergia e Imunopatologia), de 6% a 8% das crianças brasileiras e de 2% a 3% dos adultos possuem algum tipo de alergia alimentar.

No centro da discussão sobre o assunto, está o rótulo dos alimentos . Um estudo conduzido em 2009 pela Unidade de Alergia e Imunologia do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas de São Paulo aponta que 39,5% das reações alérgicas foram relacionadas a erros na leitura de rótulos dos produtos.

A Advogada Cecilia Cury sabe bem disso. Idealizadora da campanha “Põe no Rótulo”, ela se juntou a uma rede de familiares de crianças com alergia alimentar para tornar o debate público e organizar uma ação com impacto nacional.

“Em quase um ano de campanha, as famílias conquistaram mais visibilidade, a mudança de postura por parte de algumas empresas e a sensibilização de alguns parlamentares com as questões relacionadas à alergia alimentar”, conta Cecilia.

Além disso, a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) se abriu ao debate e, no ano passado, promoveu, com a participação e as contribuições das indústrias de alimentos, uma consulta pública sobre a obrigatoriedade de rotulagem das substâncias chamadas “alergênicas” em alimentos industrializados.

Para Jacira Santos, conselheira do Conselho Federal de Nutrição, incluir no rótulo informações de ingredientes, aditivos e derivados de alimentos reconhecidos como de alto potencial alergênico representa não só um avanço para o consumidor, mas também para o profissional de nutrição. “A rotulagem é um instrumento de trabalho do nutricionista”, destaca Jacira.

Acesso à informação

Enquanto a nova proposta de rotulagem não entra em vigor, a principal dica para se prevenir do consumo de alérgenos é entrar em contato com os serviços de atendimento ao consumidor – um caminho feito de desafios e persistência.

Como explica Cecília, “há empresas em que o 0800 não aceita chamada de celular, mas boa parte das dúvidas surge durante as compras, e o atendimento não é 24 h, mas as compras nem sempre acontecem em horário comercial”.

Outra dica importante é atentar para os “traços” de um alimento alergênico – informação que ainda não tem obrigatoriedade legal de constar no rótulo e, muitas vezes, o consumidor não identifica. Segundo Jacira, pessoas com alergia a proteína do leite de vaca, desenvolvem reação alérgicas com quantidades muito pequenas (traços) desta proteína, que pode ser encontrada em uma gama de produtos como ingrediente ou aditivo.

“É o caso do soro de leite, lactato, lactose, caseína, caseinato de amônia, caseinato de cálcio, caseinato de potássio, whey protein (proteína do soro do leite), chantilly (pode conter caisenato), nata, biscoitos, achocolatados, pudins, pães, purês. Além disso, os sabores adicionados aos produtos podem conter traços de proteína do leite como sabor de manteiga, margarina, coco, caramelo, baunilha, queijo, entre outros”, afirma.

Enquanto a regulamentação específica não é publicada, estes são exemplos de passos essenciais para evitar a exposição às substâncias alergênicas. Para Cecilia, a jornada está só começando: “precisamos de segurança na hora de escolher os produtos que podemos levar para nossas casas”.

Orientação profissional para alergia alimentar

Quando o assunto passa a ser a dieta alimentar, a responsabilidade do profissional de nutrição em traduzir as informações científicas e de diagnóstico médico em refeições para o dia a dia das pessoas é redobrada. Neste ponto, Cecília e Jacira são unânimes: o acompanhamento profissional é essencial.

Como explica Jacira, “a restrição alimentar, principalmente daqueles alimentos que fizeram parte da vida das pessoas desde a infância, como o leite, o pão com farinha de trigo e ovos é uma ruptura cultural e um desafio para a indústria e os nutricionistas”. Por isso, a correta orientação deve ser dada por um nutricionista com especialização em intolerâncias e alergias alimentares.

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