Alimentação Escolar: a consciência também se aprende na escola

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Alimentação Escolar: a consciência também se aprende na escola

Uma alimentação escolar de qualidade vai além de simplesmente fornecer refeições às crianças. Ela envolve o desenvolvimento da consciência nutricional das crianças, a promoção de alimentos saudáveis e a colaboração entre merendeiras, nutricionistas, famílias e produtores locais. Para alcançar um cenário ideal de alimentação escolar saudável e de qualidade, é fundamental que todos estejam envolvidos, conscientes da importância dos alimentos consumidos e do impacto na saúde das crianças. É também uma oportunidade de apoiar a agricultura familiar e promover uma experiência enriquecedora que deveria ser replicada em todo o país

Alimentação escolar saudável na educação infantil

Para quem tem filhos na escola ou não, é sempre válido conhecer algumas iniciativas atuais que lidam com a questão da alimentação saudável para crianças!

Uma merenda escolar saudável e rica em nutrientes é fundamental

Para muitas das crianças em situação de vulnerabilidade social, a merenda escolar é o único alimento rico em nutrientes que recebem durante o dia. Mesmo sabendo que o café da manhã é tido como a refeição mais importante do dia, muitas famílias simplesmente não têm como oferecer o desjejum em casa, e acabam enviando suas crianças à escola com o estômago completamente vazio.

Essa realidade desalentadora reforça ainda mais a importância de a escola oferecer refeições mais saudáveis e nutritivas para as crianças. Assim, todos os esforços que permitam uma melhoria de qualidade da alimentação escolar distribuída aos alunos são essenciais.

Até para as crianças de situação social mais estável, conhecer as propriedades nutritivas dos alimentos é fundamental para a criação de hábitos alimentares saudáveis e seguros na infância, que poderão guiar suas escolhas durante toda a vida.

Não é apenas no Brasil que a questão merece atenção, tanto que há programas governamentais e iniciativas particulares desenvolvidas aqui e em outros lugares do mundo que servem de exemplo.

PNAE: o nosso Programa Nacional de Alimentação Escolar

O PNAE, vinculado ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), o mais antigo programa do governo brasileiro na área de alimentação escolar e de segurança alimentar e nutricional, é considerado um dos mais abrangentes do mundo no que se refere ao atendimento universal aos escolares e à garantia à alimentação adequada e saudável indicada pela Declaração Universal dos Direitos Humanos.

Por meio de ações de educação alimentar e nutricional e da oferta de refeições que cubram as necessidades nutricionais durante o período em que permanecem na escola, o PNAE tem por objetivo contribuir para o crescimento, a aprendizagem, o desenvolvimento biopsicossocial, o rendimento escolar, e a formação de práticas alimentares saudáveis na infância para uma população escolar brasileira de mais de 42 milhões de alunos.

Cabe à União, aos Estados, Distrito Federal e Municípios assegurar a alimentação escolar para os alunos da educação básica pública e também de escolas filantrópicas e comunitárias conveniadas com o poder público.

Com essa finalidade, um grande número de atores sociais é envolvido – são gestores públicos, professores, diretores de escola, pais de alunos, sociedade civil organizada, nutricionistas, manipuladores de alimentos, agricultores familiares, conselheiros de alimentação escolar, entre outros, que contribuem para levar o programa adiante.

> >> Para saber mais, acesse as cartilhas do Programa Nacional de Alimentação Escolar PNAE

 

As diretrizes do PNAE

O projeto de alimentação saudável na educação infantil é guiado pelas seguintes diretrizes

  1. o emprego da alimentação saudável e adequada, compreendendo o uso de alimentos variados, seguros, que respeitem a cultura, as tradições e os hábitos alimentares saudáveis, contribuindo para o crescimento e o desenvolvimento dos alunos e para a melhoria do rendimento escolar, em conformidade com a sua faixa etária e seu estado de saúde, inclusive dos que necessitam de atenção específica;
  1. a inclusão da educação alimentar e nutricional no processo de ensino e aprendizagem, que perpassa pelo currículo escolar, abordando o tema alimentação e nutrição e o desenvolvimento de práticas saudáveis de vida, na perspectiva da segurança alimentar e nutricional;
  1. a universalidade do atendimento aos alunos matriculados na rede pública de educação básica;
  1. a participação da comunidade no controle social, no acompanhamento das ações realizadas pelos Estados, pelo Distrito Federal e pelos Municípios para garantir a oferta da alimentação escolar saudável e adequada;
  1. o apoio ao desenvolvimento sustentável, com incentivos para a aquisição de gêneros alimentícios diversificados, produzidos em âmbito local e preferencialmente pela agricultura familiar e pelos empreendedores familiares rurais, priorizando as comunidades tradicionais indígenas e de remanescentes de quilombos;
  1. o direito à alimentação escolar, visando a garantir segurança alimentar e nutricional dos alunos, com acesso de forma igualitária, respeitando as diferenças biológicas entre idades e condições de saúde dos alunos que necessitem de atenção específica e aqueles que se encontram em vulnerabilidade social.

Dentre outros, os seguintes aspectos são essenciais para o bom cumprimento desse programa: visitas às unidades escolares para verificar a higiene pessoal e as condições de trabalho das merendeiras, a infraestrutura e a higiene dos ambientes, a existência e o estado de conservação de utensílios e equipamentos, a armazenagem e a conservação dos gêneros alimentícios, a preparação e a distribuição dos alimentos.

> >> Para saber mais, confira o atendimento da Alimentação escolar e do Programa Dinheiro Direto na Escola aos alunos da educação básica (BRASIL, Câmara dos Deputados, LEI Nº 11.947, DE 16 DE JUNHO DE 2009)

 

Escola de Comer – Um modelo a ser multiplicado

Oferecer uma alimentação saudável e de qualidade para as crianças – é com esse objetivo que foi criada a Escola de Comer, em Paraty, RJ, um projeto que reúne professores, merendeiras, nutricionistas, agricultores familiares e voluntários.

Depois do primeiro movimento de produção de cadernos de receitas de família de alunos de 8 escolas, em 2014, a Secretaria Municipal de Educação se engajou no projeto e, com a colaboração de chefs voluntários, foram pensadas novas formas de aprimorar a merenda escolar.

Merenda Escolar Saudável

Uma atenção especial foi dedicada à realização de workshops para a orientação de merendeiras para a construção de cardápios e valorização do uso de ingredientes locais; as cozinhas foram equipadas; hortas foram implantadas nas escolas.

Era o início de uma conscientização sobre alimentação, saúde, valorização humana e social, preservação do meio ambiente e reconhecimento da gastronomia local como parte do patrimônio imaterial da cultura do país – um modelo a ser seguido por outras localidades brasileiras.

Ana Bueno, coordenadora do programa, assim detalha o impacto da Escola de Comer:

“Até 2014, somente 40% dos alunos se alimentavam na escola e, em 2017, o número chegou a 90%. O projeto deu tão certo que, além dos alunos, parte dos professores também se alimentam na escola […] Como reflexo dessa política de alimentação, vemos as mães indo à escola pedir a receita do que o filho está comendo, porque ele pede para a mãe fazer o mesmo”.

Como efeito paralelo ao programa, os agricultores familiares locais, que haviam se afastado da atividade por conta da baixa demanda por seus produtos, foram mobilizados e instrumentalizados, e voltaram a ter na agricultura familiar sua principal ocupação.

O projeto se tornou um programa municipal, que coloca lado a lado a sociedade e o poder público, construindo ações coordenadas.

Com o apoio da Comunitas através do programa Juntos pelo Desenvolvimento Sustentável – uma coalizão de líderes empresariais comprometidos com a gestão pública, em atuação conjunta com as prefeituras – os resultados obtidos pelo programa Escola de Comer em 2017 são animadores:

  • 32 escolas atendidas
  • 5568 alunos das escolas públicas municipais de Paraty
  • 2600 lanches diários
  • 4200 refeições saudáveis servidas a cada dia
  • 53 merendeiras engajadas
  • 29 padrinhos voluntários
  • 50 agricultores familiares parceiros
  • 15 novos pratos incluídos no cardápio da merenda escolar
  • 15 variedades de frutas e legumes por semana
  • 12 escolas com herbários implantados, composteiras e programas de separação de lixo

 

Além disso, foram criados cardápios de 4 a 5 semanas, que utilizam alimentos variados e seguros, evitando a repetição de pratos, reduzindo o desperdício de alimentos e ampliando a aceitação de novos pratos pelos alunos.

Na publicação Escola de Comer |–Alimentação Escolar de Qualidade, produzida com o apoio da Fundação Cargill, você encontra em detalhes todo o desenvolvimento do programa. Disponível para download em: http://www.comunitas.org/portal/publicacoes/.

Veja o vídeo sobre o programa Escola de Comer:

https://www.youtube.com/watch?v=1vPT3ZM3msA

 

Ações inovadoras nos EUA sobre alimentação escolar

Um programa dinâmico, que incentiva as crianças a se alimentarem de maneira saudável, além de criar melhores hábitos alimentares, foi desenvolvido em uma escola de Minneapolis, nos EUA, com o apoio da Cargill.

Semelhante aos tão famosos realities shows culinários, equipes de alunos competiram ao lado de chefs profissionais em uma das escolas públicas da cidade, num programa chamado Jr. Iron Chef, em que os alunos aprenderam sobre boa nutrição e como preparar boas refeições por conta própria.

A intenção era não apenas ajudar a melhorar a saúde e o bem-estar dos alunos, mas que eles também pudessem aplicar em casa, para suas famílias, tudo o que aprenderam, em vez de escolherem opções de refeições menos saudáveis.

Uma outra ideia posta em prática na mesma região foi a de instalar um food truck no lado de fora de onde o Jr. Iron Chef foi realizado. Operado pela equipe de nutrição e culinária daquele distrito escolar, o caminhão leva refeições nutritivas aos alunos, especialmente quando a escola não está em funcionamento.

Os programas apresentados pelas escolas públicas de Minneapolis apontam em uma direção promissora. O investimento na popularidade tanto dos realities shows culinários quanto em food trucks atende às necessidades nutricionais dos alunos e ambos são tendências que os idealizadores do programa alimentar na cidade americana esperam ver replicadas em outras comunidades.

Tanto os programas de alimentação pública como os de iniciativa privada baseiam-se na certeza de que orientar crianças e jovens, promovendo a educação alimentar e nutricional, é o melhor caminho para que eles próprios possam fazer as melhores escolhas de alimentos que proporcionem o seu desenvolvimento integral, prevenindo assim desde a obesidade até a desnutrição, e propiciando o bem-estar necessário para uma vida saudável e produtiva.

 

 

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