Alimentos também correm o risco de desaparecer

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Alimentos também correm o risco de desaparecer

Muito se ouve falar em animais em extinção, mas também existem alguns alimentos que correm o risco de desaparecer. Segundo o pesquisador da Embrapa Hortaliças, Nuno Madeira, no caso dos alimentos, existem dois tipos de risco: a extinção botânica, que é o desaparecimento de espécies de um determinado ambiente ou ecossistema; e o desuso, que acontece quando a espécie continua disponível no ambiente, mas deixa de fazer parte da cultura alimentar das populações. O desuso pode afetar também alimentos que necessitam de algum preparo, como queijos e farinhas, por exemplo.

No Brasil, algumas campanhas lideradas por organizações não governamentais como o Slow Food e a ONG Fase tentam resgatar tanto espécies de frutas, verduras, sementes e grãos, quanto alimentos como queijos, mel e marmelada.

A assessora da ONG Fase, Maria Emília Pacheco, explica que no caso dos alimentos preparados – como queijos, farinhas e marmeladas, por exemplo, o risco de extinção está relacionado à perda da tradição no modo de preparo e ao desinteresse da população. A ONG desenvolve a campanha Guardiões dos Sabores, que busca preservar a diversidade alimentar e a agroecologia. Segundo Maria Emília, ao longo da campanha serão levantadas diversas questões, principalmente nas redes sociais, para mostrar às pessoas a importância de consumir alimentos saudáveis.

Extinção botânica x desuso: O pesquisador Nuno Madeira conta que desde 2006 a Embrapa Hortaliças realiza um trabalho de resgate de hortaliças tradicionais que envolve cerca de 200 variedades de 50 espécies. “Entre estas, temos algumas em risco de extinção botânica, como o mangarito e o jacatupé, por exemplo, que são plantas mais sensíveis e que precisam de orientação para um manejo adequado, para que não entrem em extinção. Há outras, no entanto, que estão caindo no desuso. É o caso da araruta e do ariá, que vem sendo substituídos por novas cadeias produtivas”, explica.

Para reverter essa extinção, Nuno acredita que o caminho é investir em pesquisas que identifiquem o potencial nutricional e econômico dessas espécies, valorizando, assim, as suas cadeias produtivas. “Acredito que seja papel das iniciativas públicas investir nessas espécies e mostrar aos produtores que elas podem ser tornar nichos de mercado, tornando-se atrativas do ponto de vista comercial”, acrescenta.

Maria Emília acrescenta à lista dos alimentos em risco de extinção o arroz vermelho, o pinhão, o palmito juçara, a jabuticaba, o umbu, o pequi, a pitanga, entre outros. Para tirá-los da lista de extinção, ela cita a necessidade da preservação da biodiversidade.

Além disso, Maria Emília acredita que a comida precisa ser defendida como um patrimônio cultural. “A luta no plano cultural é muito importante. Precisamos defender a comida como patrimônio, com os seus vários sentidos para as diferentes culturas alimentares, pois acreditamos que a nossa biodiversidade é protegida pela diversidade cultural com os vários segmentos do campesinato, povos e comunidades tradicionais que fazem a história”, conclui.

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