Aparência imperfeita de frutas e legumes é um dos motivos que leva ao desperdício

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Aparência imperfeita de frutas e legumes é um dos motivos que leva ao desperdício

Iniciativas tentam conscientizar consumidores do mesmo valor nutricional destes alimentos, que não se alteram em função da aparência

Uma cenoura deformada, um pepino torto, uma maçã que não se parece com aquela da Branca de Neve. A aparência das frutas e legumes, que faz com que muita gente os defina como alimentos imperfeitos é mais um dos motivos que gera a perda e o desperdício de alimentos, que, segundo a ONU, chega a 1/3 de tudo o que é produzido no mundo. Considerando apenas as frutas, o desperdício mundial chega a 5,3 milhões de toneladas por ano. Já as verduras, são 5,6 milhões de toneladas jogadas no lixo todos os anos.

A aparência, obviamente, não é o único motivo que faz essa categoria de alimentos ir parar no lixo. Mas é um deles. E como se trata de puro preconceito, já que do ponto de vista nutricional estes alimentos são “perfeitos”, campanhas de conscientização, aliadas à redução do preço, tem sido um bom caminho para aumentar a aceitação a estes produtos. As experiências começaram na Europa.

Uma campanha da terceira maior rede francesa de supermercados, a Intermarché, batizada de “Inglòrious”, chamou a atenção dos consumidores para as frutas e legumes fora do padrão.

Além de esclarecer o consumidor sobre a qualidade desses alimentos, que não sofrem alterações na sua qualidade em função da sua aparência, a rede de supermercados passou a vendê-los com 30% de desconto. Com isso, aumentou significativamente as vendas. (Assista ao vídeo da campanha Intermarché – em inglês).

Nos dois primeiros dias da campanha, a rede vendeu 1,2 toneladas de frutas e legumes imperfeitos por loja. Incomodados cinco das principais redes concorrentes da Intermarché lançaram campanhas similares.

Em Portugal, a cooperativa Fruta Feia desenvolve a campanha “Gente Bonita Come Fruta Feia”, com o mesmo objetivo de conscientizar a população sobre os valores nutricionais dos alimentos, independentemente da sua aparência imperfeita, reduzindo o desperdício.

A cooperativa trabalha diretamente com produtores da região, recolhendo nas suas hortas e pomares as hortaliças e frutas pequenas, grandes ou disformes que eles não conseguem vender por estarem fora dos padrões. Com estes produtos, preparam cestas de dois tamanhos para entregar aos consumidores associados.

A iniciativa foi iniciada em novembro de 2013 e no dia 17 de março deste ano os idealizadores da cooperativa comemoraram a marca de 500 toneladas de frutas salvas do desperdício.

“É um marco importante na vida da Fruta Feia e quando iniciamos, em novembro de 2013, nunca imaginávamos alcançar esta escala e, muito menos, em tão pouco tempo: 500 toneladas é muita fruta!”, afirma uma das idealizadoras do projeto, Isabel Soares. Hoje a cooperativa envolve 116 agricultores e entrega cestas com produtos frescos para cerca de 3 mil associados.

Destino brasileiro – Um levantamento feito pela EsalQ-USP e divulgado na publicação Hortifruti Brasil, edição de agosto de 2015, aponta que no Brasil, há maior facilidade para o escoamento dos produtos fora do padrão nas cadeias que já contam com padronização e classificação.

Para a maior parte dos produtos pesquisados, porém, não há destinação formalizada para aquelas frutas e legumes que nasceram “sem glória”.

Apesar dessa dificuldade, a constatação geral pode ser considerada positiva: não é comum produtores descartarem esses alimentos “imperfeitos”. Mesmo que não consigam a remuneração ideal, eles buscam alternativas para o aproveitamento, como a doação a instituições sociais.

 

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