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Cidades Verdes

Superar a insegurança alimentar e nutricional com sustentabilidade ambiental e econômica em regiões metropolitanas é um dos grandes desafios atuais. Mas para Hans Dieter, fundador da organização não governamental Cidades Sem Fome, a solução pode ser mais simples, acessível e prazerosa do que sugere o problema. Para ele, a agricultura pode ser uma excelente saída, já que “está entre as principais vocações econômicas de muitos espaços periféricos, urbanos e metropolitanos.”.

Apesar do concreto árido que domina o cenário de regiões metropolitanas, é possível encontrar nas cidades um grande número de áreas ociosas, sem nenhum tipo de construção ou utilização específica. Sem destinação própria, elas representam um grande passivo para as comunidades, uma vez que são transformadas em depósitos clandestinos de lixo e entulho, proporcionando condições favoráveis para as ocupações ilegais e desordenadas e a transformação dos espaços periurbanos em favelas e guetos. A menos que suas existências sejam transformadas de forma produtiva e participativa.

“Reduzir a fome e o desemprego e, ainda, devolver à terra sua função de produzir têm se consolidado cada vez mais como responsabilidade de agentes sociais, comunidades e poder público. O aproveitamento de espaços urbanos disponíveis ou subutilizados, por meio do cultivo de frutas, hortaliças e plantas medicinais, é uma tendência”, pondera Hans.

Foi assim que, em 2013, um terreno abandonado no bairro do Cosme Velho, no Rio de Janeiro, teve seu destino reformulado pelos moradores da comunidade. No lugar de lixo e entulhos, surgiram hortaliças, ervas e legumes. Como conta Cristiano Sato, uma dos participantes da horta, “muitas pessoas contribuíram trazendo mudas, insumos, conhecimento, ideias e, principalmente, boa vontade e ânimo para o espaço”. É o caso de dona Sonia Miranda, moradora do bairro, que rega religiosamente as plantas e veste a camisa da iniciativa que a ajudou a mandar o desânimo embora.

Ganho ambiental e social

Dentre as contribuições ambientais de iniciativas como essas, podem ser destacadas a diminuição do acúmulo de lixo e a melhoria das reservas de águas subterrâneas devido à maior infiltração da água no solo. Uma parcela de lixo orgânico pode ser reciclada em compostos para fertilização dos solos e os recipientes, principalmente plásticos, podem ser reaproveitados para a produção de mudas e o cultivo de algumas espécies.

Para Sato, outro item importante é o contato com a natureza e com as plantas que este tipo de espaço proporciona às pessoas que vivem no ambiente urbano. “Atualmente, tentamos preparar o espaço da horta para receber eventos como aulas, palestras ou workshops e, principalmente, a visita de escolas”, completa.

A tudo isso somam-se ainda o valor estético de espaços verdes, que propicia a formação de microclimas. “Dentre tantas possibilidades e iniciativas, sem dúvida, o desenvolvimento da agricultura urbana e das hortas comunitárias tem o papel de contribuir para o futuro da sustentabilidade das cidades”, finaliza Hans.

Atualmente, já é expressivo o número de coletivos organizados para o plantio, o cultivo e a manutenção de hortas urbanas. As sementes dessas iniciativas se expandem via redes sociais e podem ser vistas em iniciativas como a dos chamados Hortelões Urbanos – grupo criado, em 2011, pelas jornalistas Cláudia Visoni e Tatiana Achcar para criar e apoiar hortas comunitárias em São Paulo. O fortalecimento da capacidade de intervenção da comunidade e e as soluções encontradas para os problemas locais, quando articuladas em grupo, são também uma das grandes contribuições e conquistas desse movimento.

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