Anualmente, 1,3 bilhão de toneladas de alimentos é desperdiçado em todo o mundo, o que representa 33% de tudo que é produzido no planeta, segundo dados da FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura).
Com o objetivo de reverterem este quadro, especialistas apoiados pela ONU (Organização das Nações Unidas) divulgaram o relatório Food Iosses and waste in the context of sustainable food systems (Desperdício e perda de alimentos no contexto de sistemas alimentares sustentáveis), que segundo o documento, o desperdício dos alimentos está presente em toda a cadeia produtiva.
Causas e prejuízos do desperdício de alimentos
De acordo com Milza Lana, Pesquisadora da Embrapa, as causas do desperdício de alimentos variam e vão além do produtor: “envolvem desde a natureza do produto, o sistema de produção, distribuição e comercialização, e os hábitos de consumo da população”.
Apesar disso, a participação de cada um de nós para minimizar e reverter o desperdício alimentar é essencial.
Além dos impactos ao meio ambiente, ele traz prejuízos e consequências desastrosas para o sistema econômico, pois significa investir na produção no campo, transporte e comercialização de produtos que nem sequer vão chegar à mesa do consumidor. Resultado: a elevação do preço final para o consumidor.
Como evitar o desperdício de alimentos?
Para entender como evitar, acompanhe e entenda as etapas do desperdício de alimentos na cadeia produtiva de frutas e hortaliças e saiba como fazer a sua parte para reduzir esses números.
A ROTA DO DESPERDÍCIO DE FRUTAS E HORTALIÇAS
- 10% dos alimentos se perdem na colheita
- 50% no manuseio e transporte
- 30% nas centrais de abastecimento e comercialização
- 10% nos supermercados e na casa dos consumidores
DESPERDÍCIO DE ALIMENTOS POR ETAPA
>Colheita
As perdas de hortaliças e frutas são motivadas por falhas na infraestrutura na propriedade agrícola e pelo manuseio inadequado dos produtos, que são muito sensíveis.
O que pode ser feito: reeducação e treinamento com foco na manipulação e no manuseio dos alimentos, melhoria na infraestrutura.
Transporte
Deficiência no transporte e embalagens impróprias causam danos aos alimentos, muitas vezes, provocando o amadurecimento mais rápido do produto.
O que pode ser feito: padronização das dimensões da embalagem para se adequarem ao tamanho e peso do produto; adequação da matéria-prima da embalagem para proteção do produto; melhoria no sistema de transporte e logística.
Distribuição
A estrutura de comercialização faz com que o produto demore para chegar até o consumidor final.
O que pode ser feito: melhor integração entre varejistas, atacadistas e produtores de modo a agilizar as informações sobre a qualidade do produto.
Supermercados
O acúmulo de produtos nas gôndolas e a deficiência gerencial e administrativa nos centros atacadistas e varejistas são os principais responsáveis pelas perdas.
O que pode ser feito: reeducação e treinamento com foco na manipulação e na movimentação de frutas e hortaliças.
Casa do consumidor
Um hábito comum entre os consumidores, o excesso de toque na hora de escolher os produtos também contribui para o desperdício. Além disso, é comum o descarte dos alimentos que aparentam algum “defeito”, mas que possuem condições de consumo.
O que pode ser feito: conscientização do consumidor sobre a participação dele na rota do desperdício de alimentos e incentivo a adoção de práticas de aproveitamento integral dos alimentos sempre que possível.
GRANDES PRODUTORES X PEQUENOS PRODUTORES
O desperdício de alimentos no Brasil está presente de ambos os lados: tanto a colheita mecanizada como a manual podem danificar o produto e contribuir para elevar as perdas. Enquanto a infraestrutura deficiente atrapalha os pequenos, o padrão estético exigido pelo cliente do grande produtor é também um grande vilão.
Fontes: Artigo “Desperdício de Alimentos no Brasil – um Desafio Político e Social a Ser Vencido”, Embrapa Hortaliças, FAO.