Fazenda Aquapônica Urbana permite produção de alimentos em sistema autossustentável

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Fazenda Aquapônica Urbana permite produção de alimentos em sistema autossustentável

Através do sistema aquapônico, iniciativa promove capacitação de indivíduos e produção de alimentos alternativa.

Atualmente, a população que vive em áreas urbanas ultrapassa o número de pessoas que residem em áreas rurais segundo o World Urbanization Prospects, estudo da ONU que apresenta os resultados das estimativas e projeções oficiais sobre populações urbanas e rurais de 233 países.

Os indicadores mostram que 55,3% da população global está inserida em centros urbanos e há indícios de que essa tendência seguirá nas próximas décadas.

Isto também implica em alterações nas relações econômicas, produtivas, sociais, culturais e ambientais. Atentos à essas mudanças, a própria ONU desenvolveu a Agenda 2030, que contém 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, com mais de 160 metas para serem atingidas até 2030.

Dentre elas, estão os objetivos acerca da erradicação da fome, incentivo à agricultura, desenvolvimento sustentável de cidades e comunidades e o consumo e produção sustentável.

Indo ao encontro destas perspectivas, o Projeto Fazenda Aquapônica Urbana idealizado pela Associação Reciclázaro propõe produzir hortaliças através do sistema de aquaponia em uma área urbana da cidade de São Paulo.

Esse sistema é autossustentável e realiza um ciclo fechado, onde: peixes são criados em tanque; essa água do tanque rica em matéria orgânica, devido excrementos produzidos pelos peixes, é enviada para a área de produção de hortaliças, que absorve os nutrientes e devolve a água purificada para o tanque onde os peixes são criados.

De acordo com a Embrapa, a aquaponia exige menor quantidade de água na produção de alimentos e pode economizar até 98% dos recursos hídricos utilizados no sistema.

Conheça a Fazenda Aquapônica Urbana

O PROJETO EM PARCERIA COM A FUNDAÇÃO CARGILL

Este é o terceiro ano de parceria entre a Fundação Cargill, uma instituição com mais de 45 anos de experiência em gestão de projetos, e a Associação Reciclázaro, que atua desenvolvendo projetos com foco na reintegração de pessoas em situação de vulnerabilidade social, por meio de ações socioambientais e qualificação profissional.

Esta união de saberes, permitiu o aprimoramento de técnicas já utilizadas e eficiência na gestão do projeto tornando o ciclo de produção um sistema 100% reaproveitável.

No primeiro ano, foram desenvolvidas e implementadas 2 novas técnicas de produção de alimento: aquaponia vertical e a aeroponia, que permitiu um melhor aproveitamento do espaço em conjunto com o sistema aquapônico tradicional.

Veja como foi o primeiro ano de parceria e conheça as metas estabelecidas para este ano!

Em 2019, a iniciativa focou em pesquisa para otimização dos recursos naturais e materiais, e no aprimoramento do sistema já implementado.

Segundo Viviane Gonçalves, gestora do projeto, “a pesquisa é uma ferramenta importante dentro do projeto visto que é através dela que conseguimos aperfeiçoar as técnicas já existentes e desenvolver material necessário para divulgação e informação. Não temos tanto material no mercado no que diz respeito à aquaponia, apenas a hidroponia e a aquicultura, então a associação de ambas as técnicas dentro da aquaponia necessita de mais pesquisas para que haja mais produtores utilizando-se desse sistema”.

Dentre as metas propostas no projeto de 2019, já foram desenvolvidas a implantação de placas fotovoltaicas, a implantação da captação da água de chuva voltada especificamente para as hortas e a abertura do sistema de aquaponia para visitação e realização de workshops.

Iniciou-se também a análise da qualidade de água de acordo com parâmetros preestabelecidos e o desenvolvimento de materiais de comunicação e didáticos, metas estas que vão seguir ao longo de 2020.

Para este ano, ainda estão previstas a implantação da irrigação inteligente, a análise alimentar através de parâmetros químicos e microbiológicos do sistema e o projeto de captação de água da chuva para a aquaponia.

Ainda de acordo com Viviane Gonçalves, “essas tecnologias auxiliam no processo de autonomia da Fazenda Aquapônica Urbana, não tornando-a totalmente dependente do sistema convencional. A energia é um dos maiores gastos dentro de um sistema aquapônico, devido aos equipamentos que ficam em funcionamento o dia todo (como bomba e oxigenação). Assim, com a energia solar temos maior independência além de que a sua disponibilidade é constante, não havendo quedas como há no sistema de energia elétrica”.

Os alimentos produzidos dentro da Fazenda Aquapônica são utilizados nos próprios refeitórios da Associação Reciclázaro. O excedente é enviado para centros de acolhida da própria instituição, além de serem vendidos em empórios administrados pela associação, com o intuito de auxiliar financeiramente as ações do projeto.

DESAFIOS E APRENDIZADOS

Viviane Gonçalves destaca “os maiores aprendizados – dentro do projeto foram em relação às tecnologias, e como elas impactam positivamente para a sustentabilidade, mas também para a eficiência da Aquaponia. Tanto as análises, que nos trazem sempre novas características e nos faz pensar qual mudança causou tal alteração no parâmetro, mas também as tecnologias como a fotovoltaica e a captação que, mesmo em poucos meses, já beneficiou nossa Fazenda Aquapônica Urbana”.

Além da experiência enriquecedora que as pesquisas proporcionam, a gestora do projeto traz também a importância de workshops e visitas monitoradas. “Também temos grandes aprendizados ao abrir o espaço para visitas monitoradas e workshops, recebendo sempre novas pessoas interessadas e que contribuem no desenvolvimento de pesquisas, sendo este o nosso principal objetivo, de transformar a aquaponia em um laboratório de pesquisa para geração de dados e dar acesso à outras pessoas a terem oportunidade de ter esse contato com esse sistema e já tendo acesso à melhor forma de fazer”.

O maior desafio dentro do projeto neste ano foi a captação de recurso humano, pois há uma escassez de profissionais que atuem nesta área.

Segundo Viviane Gonçalves, isso se dá por não haver tantas pesquisas nesta área no Brasil. Em contrapartida, por serem pioneiros dessas implantações dentro do sistema aquapônico no país, ficam felizes pela oportunidade de auxiliar no desenvolvimento de boas práticas que incentivam outras pessoas a implementarem este sistema.

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