“O cooperativismo é essencial para o desenvolvimento sustentável do setor agropecuário”, diz o presidente da OCB

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“O cooperativismo é essencial para o desenvolvimento sustentável do setor agropecuário”, diz o presidente da OCB

Márcio Lopes de Freitas fala sobre os desafios do cooperativismo agropecuário, responsável por 48% de tudo que é produzido no campo brasileiro

Segundo o IBGE, 48% de tudo que é produzido no campo brasileiro passa, de alguma forma, por uma cooperativa. Os números do cooperativismo agropecuário impressionam. São mais de 1.016.606 associados, 1.555 cooperativas e 188.777 empregados diretos. Com tamanha capilaridade, é possível afirmar que hoje, no prato de todo brasileiro, tenha pelo menos um alimento produzido por uma cooperativa, segundo a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB).

Para entender a dimensão da contribuição desta forma de produzir alimentos no Brasil, bem como seus desafios, o Alimentação em Foco conversou com o presidente da OCB, Maurício Lopes Freitas. Acompanhe:

Alimentação em Foco: Qual é o papel das cooperativas hoje na produção de alimentos no Brasil?

Márcio Lopes de Freitas: As cooperativas agropecuárias brasileiras atuam nos mais variados elos das diferentes cadeias produtivas do agronegócio, sendo grandes responsáveis pela inclusão do produtor rural de maneira competitiva no mercado, independentemente do seu tamanho. Dentre as principais particularidades das cooperativas agropecuárias estão a prestação de serviços e fomento à tecnologia por meio da assistência técnica aos produtores cooperados, além da participação ativa nas operações de fornecimento de insumos e atividades de recepção, classificação, armazenagem, processamento e comercialização dos produtos de seus associados, gerando economia de escala nos processos de compra e venda e promovendo a agregação de valor e atuação eficiente na cadeia produtiva.

Alimentação em Foco: Quantas cooperativas atuam na produção de alimentos, quantos empregos elas geram?

Márcio Lopes de Freitas: Atualmente, congregamos mais de 1,5 mil cooperativas de produção agropecuária, que integram mais de um milhão de produtores rurais cooperados, e que geram cerca de 188,7 mil empregos diretos. Desse total, a região Sudeste apresenta a maior participação no número de cooperativas (26%), enquanto a região Sul possui a maior participação no número de cooperados (51%) e, também, no número de colaboradores (74%).

Alimentação em Foco: Do ponto de vista econômico, qual é a força dessas cooperativas? Quanto elas movimentam?

Marcos Lopes Freitas: No decorrer dos últimos anos, as cooperativas agropecuárias vêm realizando significativos investimentos na consolidação de suas unidades e modernização de suas plantas agroindustriais. Com o aprimoramento em sua gestão, estão conseguindo aproveitar de forma mais eficiente as oportunidades no mercado interno e externo, fortalecendo a relação com o produtor cooperado e diversificando a sua pauta de atividades. Tomando como base o ano anterior, o faturamento das cooperativas agropecuárias brasileiras ficou em torno dos R$ 180 bilhões, um incremento de 13,2% em relação a 2015, representando cerca de 13,5% do PIB do agronegócio brasileiro.

Alimentação em Foco: Porque o modelo de cooperativismo deu tão certo no Brasil?

Marcos Lopes Freitas: Diferente dos modelos comuns de investimento, que buscam predominantemente o retorno de curto prazo em mercados extremamente voláteis e instáveis, a exemplo do mercado de commodities agropecuárias, as cooperativas buscam seu desenvolvimento sustentável e perenidade nas áreas e regiões onde atuam. Para isso, elas contam com uma visão estratégica de longo prazo e buscam retorno e benefícios contínuos para seus produtores associados. Dessa forma, um dos grandes diferenciais dos empreendimentos cooperativos é a participação ativa de seus membros, onde pessoas se unem com o propósito de se fortalecer economicamente (por meio da redução de custos e otimização de recursos) e, consequentemente, mais espaço no mercado, resultando em maior renda e melhor qualidade de vida aos cooperados, colaboradores e familiares, e, ainda, à comunidade onde as cooperativas estão inseridas.

Alimentação em Foco: Quais são os grandes desafios das cooperativas ligadas à produção de alimentos no Brasil?

Marcos Lopes Freitas: Um dos maiores desafios do cooperativismo no país é perenizar-se em mercados altamente voláteis e instáveis, fazendo com que nossa base busque cada vez mais a capacitação e profissionalização da gestão das cooperativas, construindo estratégias de longo prazo e aproveitando as melhores oportunidades. Aliado a isso, uma melhor prestação de serviços a seu associado e a valorização de sua atividade são também desafios permanentes. A agregação de valor é outro desafio constante para as cooperativas agropecuárias. Acreditamos que a medida em que o setor se organiza essa evolução torna-se natural e a capacidade de coordenar a cadeia produtiva e fornecer produtos com qualidade, quantidade e preço competitivo consolida-se como um diferencial que nos abre ainda muitas oportunidades de crescimento no mercado nacional e na exportação de nossos produtos. O cooperativismo é essencial para o desenvolvimento sustentável do setor agropecuário no país e, por esta razão, é enraizado em economias desenvolvidas. Sendo assim, é necessária a adoção de políticas que tenham como objetivo fortalecer este modelo de negócio, que deverá auxiliar a elevar o país ao papel de protagonista mundial no fornecimento de alimentos, fibras e energias renováveis.

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